O futebol brasileiro entrou de vez no patamar bilionário. Com a chegada das SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol), clubes endividados receberam aportes de investidores, reforçaram seus elencos e elevaram os salários dos atletas. Hoje, muitos jogadores conseguem atingir a independência financeira ainda durante a carreira no Brasil, sem precisar se transferir para a Europa.
Mas surge a grande questão: como os atletas administram milhões de reais em salários, prêmios e contratos publicitários?
Para responder, o educador financeiro Marcelo Claudino, CEO da Top Family Office, empresa especializada na gestão de patrimônio de atletas, compartilhou sua experiência. Atualmente, a companhia administra mais de R$ 500 milhões em investimentos, cuidando das finanças de nomes como Lucas Paquetá, Pedro, Raphael Veiga, Fabrício Bruno, Everton Ribeiro e até estrelas do vôlei, como Carol Gattaz.
O começo da gestão financeira para atletas
A história de Claudino começou há mais de 20 anos, quando percebeu que muitos jogadores, mesmo com altos salários, não sabiam lidar com dinheiro. Dívidas, financiamentos longos e falta de planejamento eram comuns. Esse cenário o motivou a criar uma consultoria focada em planejamento financeiro para atletas, que mais tarde se consolidou na Top Family Office.
Estratégias de investimento para jogadores de futebol
Cada atleta possui um perfil diferente, e as estratégias variam conforme a fase da carreira. Entre as recomendações mais comuns estão:
- Garantir a casa própria da família: prioridade para dar estabilidade aos pais ou dependentes.
- Criar uma reserva de emergência: geralmente equivalente a 12 meses de salários, aplicada em ativos conservadores, como Tesouro Direto.
- Evitar dívidas desnecessárias: privilegiando liquidez e segurança antes de grandes compras.
Riscos que os atletas devem evitar
Muitos jogadores são abordados com propostas de negócios e investimentos arriscados. Entre os principais alertas do especialista estão:
Negócios próprios sem acompanhamento: abrir franquias ou empresas enquanto o atleta vive constantes mudanças de cidade ou país tende a ser um erro.
Mercados alternativos de alto risco: como pecuária, criação de cavalos ou empreendimento agrícolas sem conhecimento técnico.
Criptomoedas: apesar da solidez crescente do Bitcoin, promessas de ganhos de 3% a 5% ao mês são sinais claros de golpe, como no caso vivido por Gustavo Scarpa e Mayke, em 2023.
Diversificação: chave para proteger milhões
Segundo Claudino, diversificar é fundamental. Além do mercado financeiro tradicional, atletas devem investir em:
- Imóveis: terrenos, apartamentos e salas comerciais que se valorizam ao longo do tempo.
- Moedas fortes: como dólar e euro, acessíveis hoje por meio de corretoras brasileiras.
- Investimentos internacionais: cada vez mais simples e acessíveis, permitem proteger o patrimônio de oscilações econômicas locais.
O desafio emocional: paciência para ver o patrimônio crescer
Se dentro de campo o resultado é imediato, nos investimentos é preciso paciência. Claudino recomenda a leitura do livro A Psicologia Financeira, de Morgan Housel, para entender que a riqueza vem da consistência e do tempo, não de ganhos rápidos.
“Investir é como plantar uma árvore: pode levar 20 anos até que ela esteja forte e frondosa. O mesmo vale para o patrimônio”, destaca o especialista.
Finalizando
A gestão financeira de atletas de alto rendimento mostra lições valiosas para qualquer investidor: organização, segurança e paciência são tão importantes quanto a busca por rentabilidade.
Para quem deseja se inspirar, as estratégias usadas com jogadores de futebol podem ser adaptadas para qualquer pessoa que busca independência financeira e proteção patrimonial. Só discordo da reserva de emergência, para pessoas normais é recomendável ter de 6 a 12 meses o seu custo de vida investido em liquidez diária e não o seu salário mensal.
Fonte: No ataque.
